Vamos tirar as crianças da sala de aula!

sábado, 31 de julho de 2010

      Por Professora Maluquinha                            


                                                                                                         
 
Calma!!!! Já, já me darão razão! Em um mundo globalizado, multicolorido, cheio de atrativos como jogos eletrônicos e internet, condenar nossas crianças a ficar trancadas 200 dias letivos, em uma média de 4 horas diárias, em um quadrado, com um quadro de giz e, no mínimo, um muralzinho na parede, chega a ser um crime. Vamos ser sinceros, tem escola que é um saco!!!! A da minha filha é uma destas. Me perdoem a sinceridade! Morro de pena da minha menina! E o pior que é considerada escola padrão. Padrão ultrapassado, isto sim. 

Mas depois falo da escola dela, por enquanto vou generalizar. Por mais que se fala, se discute, se aprende, continuamos a reproduzir um modelo educacional do século retrasado. Salvo uma atividade aqui, um evento ali, um passeio acolá, nossas crianças continuam passando a maior parte do tempo, escutando uma professora, copiando do quadro de giz, e sendo vítimas de tentativas contínuas de “domesticação”. Esse modelo já não funcionava em um passado, nem tão recente, imagine agora? Fico imaginando aqueles pobrezinhos ali, sentadinhos, com a lan house logo ali na esquina, uma rua cheia de brincadeiras interessantes, e ele sendo obrigado a copiar páginas de exercícios, manter-se quieto, sentado, aprendendo coisas que ainda não tem a menor idéia da importância.

Eu sempre procurei tirar meus alunos da sala de aula, mas sei que isto implica uma série de fatores, que só nos aborrecem e desanimam. Primeiro, nem sempre os outros funcionários da escola os quer transitando pelas dependências da escola, que não seja na hora do recreio. Vão atrapalhar a aula do professor tal, a quadra está ocupada, a faxineira vai lavar o corredor, o refeitório já foi limpo, os inspetores estão ocupados com o recreio das outras turmas, se alguma criança cair a escola será processada, e por aí vai. Quer um conselho: ignore tudo isso e vá em frente.

O professor é absoluto! Ele decide a aula que vai dar e como vai dar. Converse com a turma, explique que o comportamento deles será crucial para as próximas aulas em ambiente aberto. Garanto que eles sabem se comportar e muito bem. Você e eles dão conta da atividade, mesmo que nenhum outro funcionário queira participar daquilo que chamarão de “bagunça”.


Na escola em que trabalho, assim que entrei, encontrei algumas dificuldades em convencer os inspetores na hora de retirar meus “anjinhos” da sala. Os raros momentos em que as atividades ultrapassavam as quatro paredes da sala de aula, se resumiam ás atividades estipuladas pela secretaria de educação. Fora estas datas pré-definidas, já era mais difícil convencê-los a colaborar. No primeiro ano resolvi cumprir as regras  e não assustá-los com meu jeito pouco convencional. Foi um saco!! Se eu me sentia uma prisioneira naquela sala quente e abafada, imagine aquelas crianças!! Foi com jeitinho, educação e paciência que comecei a mostrar meu estilo dinâmico. No ano seguinte já estava pintando árvores, contando tampinhas, organizando murais no pátio, aprendendo biologia andando pela escola, caçando mosquito da dengue no pátio, fazendo salada de frutas, organizando aulas e exposições para visitação de outras turmas, pintando o sete, o oito e o nove, e tudo isto, sem que um único incidente tenha sido registrado.


Pronto! Conquistei respeito, credibilidade, e quem diria, admiração dos demais funcionários da escola. Hoje, desde o merendeiro, passando pelas faxineiras e finalmente chegando aos inspetores, todos, sem exceção, abraçam a minha idéia. Claro que não me esqueço de agradecê-los com chocolates, mimos e muito carinho. Afinal, com eles tudo fica mais fácil! 

Uns preparam o ambiente, outros preparam um lanchinho especial, outros me ajudam com o data show, e o mais legal: todos juntos contribuem para que a atividade seja um verdadeiro sucesso. Quem lucrou com isso? Todos, é claro! Nossas crianças agradecem e a educação se qualifica.


Este ano estou na coordenação e pude disseminar minhas idéias pelos corredores, dividindo com os outros maluquinhos, quer dizer, professores, um ensino dinâmico e realmente produtivo. Nosso plano de ação está sendo cumprido ao “pé da letra” e nosso projeto “A África é Show de Bola” indo de “vento em popa”. Estamos cansados! Mas quem disse que ficar trancafiado em uma sala de aula é menos cansativo?

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